Virá de longe a origem, de algum modo, depreciativa da expressão popular pôr a careca à mostra, e daí também o facto do uso das cabeleiras, em várias épocas da história, para esconder a calvície. Mas também a punição aos vencidos de batalhas, antigamente, a quem, como castigo, lhes cortavam os cabelos. Castigo máximo o brado ad libitum, do chefe de trupe conimbricense, que permitia aos integrantes rapar totalmente o cabelo ao caloiro prevaricador, que fora apanhado a desoras, na rua. Ou a canção de Martins Soares, no Cancioneiro da Vaticana:
"praz-me con el, per tregoa lhe dey,
que a nem mate, mays trosquiarey
como quem trosquia falso traedor."
Ainda nas velhas perlengas infantis, o sentido infamante à criança que aparecia com cabelo curto, a quem as outras arremedavam:
Quem te tosquiou
que as orelhas te deixou,
por trás e por "diente"
como o burro do Vicente.
Alexandre de Carvalho Costa, no seu livro "Gente de Portugal...", lembra também o que custou a D. João I de Castela, em Aljubarrota, ter sido derrotado pelos "chamorros", que era a alcunha que os espanhóis, pejorativamente, davam aos portugueses, por usarem o cabelo cortado muito curto.
Na Idade Média, cortavam os cabelos às mulheres adúlteras, mas também, muitas vezes, como marca de infâmia, aos judeus, aos mouros e aos ciganos.
Hoje, a expressão tem o valor mais leve, e alterado, de: desmascarar, contar os antecedentes menos nobres de alguém, ou falar das fraquezas d'outrem. Valha-nos isso!
Mais perto de nós, a populaça em França cortou o cabelo às colaboracionistas e obrigava-as a desfilar carecas.
ResponderEliminarEsta "moda" deve vir do mito de Sansão e Dalila.
Gostei do seu post.
ResponderEliminarQuando pus «cortou o cabelo» queria dizer «rapou o cabelo».
ResponderEliminarBoa lembrança, MR, a da França, na Libertação, de que tinha esquecido.
ResponderEliminarObrigado, e um bom dia!