Como remate do texto anterior, António Guerreiro ocupa-se, na ípsilon de 28.6.2013, dos exames.
A brilhante ironia da análise dos "enunciados e critérios de classificação" dispensa comentários menores. Sublinhei, contudo, dois aspectos que me obrigam a um aditamento pela repulsa, ainda incontida, que me provocam, apesar de me encontrar já, formalmente, "posta em sossego".
O "discurso treinado ao longo do ano" transformou, há muito, o 12º Ano, na área do Português e Literatura Portuguesa, num espaço circense, em que o domador treina os "animaizinhos" a papaguearem as respostas contidas nos numerosos "materiais de apoio" que fazem as delícias das vendas de grupos como a Leya e outros. Felizmente, consegui sempre ficar longe de semelhante espectáculo degradante, pois havia sempre muitos candidatos "decanos" que assumiam tais funções como corolário brilhante das suas carreiras.
A "justiça infalível e universal", de que fala António Guerreiro, é a base do dogma que arruinou a liberdade de ensino e conseguiu, democraticamente, implementar um desejo do Estado Novo, i.e., anular o pensamento próprio dos professores e alunos.
E, no meio de tantos "cenários de resposta", permanece uma "chatice" insolúvel, ou seja, a incapacidade de eliminar a subjectividade própria da Literatura que atrapalha tudo.
Falta, pois, uma "prescrição" que obrigue os escritores - e sobretudo os poetas - a produzirem textinhos mais adaptados à pretensa objectividade dos exames. A partir daí, teríamos, certamente, um sucesso retumbante nas estatísticas.
Post de HMJ
ResponderEliminarEstes textos de António Guerreiro são como música para os meus ouvidos...
Aí está outra coisa que me custou muito a aceitar: em nome da objetividade de critérios, pretender-se normalizar tudo em tabelas, em intermináveis listas de preceitos, como se se pudesse formatar o pensamento de alunos e professores, eliminar a subjetividade da interpretação e da avaliação, medir tudo... sabendo nós bem, sobretudo quem é de letras, que não estamos no domínio do mensurável.
Com a atual super-valorização das tecnologias e das ciências ditas exatas em detrimento das humanidades chegámos a isto...
Bom dia HMJ
Para Maria A.:
ResponderEliminare temos tido tão pouca música ...
Também um bom dia para si.