domingo, 30 de junho de 2013

A paz dos elefantes e o nervoso dos macacos, ou um diálogo ouvido por um terceiro


Soube hoje, por mero acaso, que António Guerreiro terá  sido convidado a emigrar, com desvelo, pela direcção sempre atenta do balsemânico jornal Expresso, para a ípsilon do jornal Público por não fazer o pleno, nem as delícias do" leitor médio" e, de algum modo, do medievo (40 anos, caramba!) semanário lusitano. Provavelmente, os seus textos perturbavam as meninges e digestões dos clientes tranquilos e ledores apáticos do centrão hebdomadário.
Quase em simultâneo, fui testemunha e ouvinte acidental de um diálogo curioso, num local muito in, que vou tentar reproduzir, escrupulosamente. Segue:
"- Estás-me a ver isto, ó FJV?!... Esfalfei-me eu a postar 2 coisas importantes  no meu blog, em dia de greve geral, sacrossanto feriado do esquerdalho militante, e tive uma miséria de 1.307 visitas. Até o Pacheco teve mais...Que ingratidão, que despautério vil...
- Mas, 1307 visitas até não é mau, RZ!
- Eh pá! Tu não me desafies, tu não me desencaminhes para a escrita criativa, que é o meu ganha-pão, porque a Pepita ou Paquita, ou lá o que é, quando começou a falar, toda remelgas, da mala Vuitton que almejava, teve logo milhões de carneiros papalvos a visitá-la, para a consolar e comentar, naquele blog indigente...
- Ó R., descomprime, não ligues. Já sabes como é a populaça, já o régio Carlitos lhe chamava «piolheira». Isto é só bichezas, castelo-brancos, jaimes, calhordas, ramos, pepinos e raspadinhas. Esquece... Vamos mas é beber este whisky delicioso e acabar o Cohiba, grosso e fidelista. A vida , para nós, é para requintar e sonhar...
- Tens razão, FJV... Já agora, o Paes agradeceu-te bem, pelo clandestino?"

4 comentários:

  1. e ando eu e tantos mais a manter blogs só porque, prontos...só porque sim.
    por ser uma forma de conhecer mais, aprender mais e partilhar um pouco que, sendo pouco e tendo pouco feedback é o suficiente para nos sentirmos ouvidos e nos sentirmos impelidos a fazer melhor. E, ao fazer melhoro pouco que fazemos conhecemos mais, aprendemos mais... apesar de parecer só ter expressão em surdina no meio dos sonantes e barulhentos que se expressão em tons cada vez mais altos sempre que jornais, TVs...lhes dão autoridade de opinion maker

    os meus seguidores e os autores de blogues que sigo não são mais do que isso, bloggers como eu. É assim que os trato...os outros leêm-se só quando há tempo para não nos sentirmos muito alheados do que se passa por aí :)

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  2. Há que querer sem ambição, mas com o rigor (cultural, ético, humorístico...que sei eu?) de que formos capazes, para o nosso Blogue. A fraternidade da partilha será o melhor consolo, e recompensa em si, porque, como a Teresa diz, o feedback é sempre muito escasso, se não for nulo.
    E aprender, dia a dia, a não fazer cedências com o que sabemos ser de agrado geral: imagens insólitas ou "sensacionais", "soundbites", bater nos "ceguinhos do costume ou da moda"...
    Porque o melhor de tudo, é sermos nós mesmos, na nossa humana condição.

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