domingo, 2 de junho de 2013

A propósito de Gómez de la Serna e as suas greguerías


As greguerías, que foram exercitadas por Ramón Gómez de la Serna (1888-1963) entre 1911 e o ano anterior à sua morte, revelam, se analisadas, uma gradual evolução no sentido da concisão e do fino humor. Mas as primeiras, juvenis, se mais ingénuas e extensas em palavras, ganham por vezes um lampejo e rasgo poético quase naïf, sempre interessante. É dessas primeiras greguerías que vamos traduzir quatro.

1. Que vida mais anódina e sombria não devem levar durante a semana essas raparigas que passam os domingos com as porteiras, sentadas no portal, quietas e inexpressivas.
2. Esse golpe que mata como um raio é um coice que foi dado a esse homem pela providência.
3. O pavão deveria ter um lencinho debaixo da asa para limpar o monco.
4. Os únicos que dão de comer às portas - esfomeadas como aquilo que está faminto - são os meninos que lhes dão a mastigar nozes e nozes.

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