Qualquer inovação artística, quando significativa, ou integrada numa nova escola ou corrente de vanguarda, demora tempo a ser aceite. E, por vezes, essa aceitação é tão contranatura, tão para evitar que se diga que (nós, os leigos) somos antiquados, que dura apenas o tempo da novidade, voltando a ser ignorada e vindo a constituir unicamente uma nota de rodapé na história dessa actividade artística.
O chamado Nouveau Roman, nascido em França, filiado (impropriamente, quanto a mim) - diziam - no estilo de Faulkner, entrou em força na cartilha e cânone literário dos anos 60, e foi praticado com insistência por Robe-Grillet, Alain Resnais, Butor, Nathalie Sarraute...Em Portugal, também teve os seus cultores dedicados como, por exemplo, Artur Portela, Filho. Mas durou pouco, a moda. A escola teve até correspondência cinematográfica em "O último ano em Marienbad" (1961) que, confesso, não consegui ver até ao fim...
Ao contrário destes avanços, em Música e outras artes, também há retrocessos. Há românticos tardios, compositores barrocos atrasados que, apesar de tudo são, ainda hoje, considerados. O norte-americano Samuel Barber (1910-1981) e o seu famoso "Adagio for Strings", embora os especialistas o considerem fora de época, colhe o gosto e a admiração do amador comum. Porque, ao contrário da literatura (Prosa, fundamentalmente), a música e a poesia requerem um apetrechamento teórico mais estruturado para que possam ser devidamente avaliadas.
Vem isto a propósito de uma notícia do "Obs." (nº 2534) que dá conta de uma pequena tempestade musical, que agita os meios melómanos gauleses. Um reconhecido e respeitado pianista francês, Jérôme Ducros (1974), em conferência no Collège de France, permitiu-se atacar vigorosamente as obras de Boulez, Stockhausen e Schoenberg, em nome da tendência neo da música séria contemporânea. O título da sua intervenção era "L'atonisme. Et aprés?", e nela defende o regresso à "vraie musique", em nome do divórcio actual existente entre o público e a moderna criação musical.
A polémica promete subir de tom...
Muito nouveau roman eu li. E vi cada filme que hoje...
ResponderEliminarFiquei-me pela margem...felizmente.
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