sábado, 29 de setembro de 2012

Macau e Auden

A melhor forma de lembrar um Artista será, quanto a mim, (re-)visitar-lhe a obra. Por isso, resolvi traduzir um poema de W. H. Auden, hoje que passa mais um aniversário da sua morte (29/9/1973). Não será um dos seus melhores poemas, mas fala de uma ex-colónia portuguesa. Auden escreveu-o com 31 anos.

Macau

Uma semente da Europa Católica, fez-se raiz
Por entre algumas colinas amarelas e o mar,
Suas alegres casas de pedra um exótico fruto,
Uma bizarria Luso-Sínica.

Imagens barrocas do Santo e Salvador
Prometem fortunas aos jogadores quando morrerem,
Igrejas lado a lado com bordéis asseguram
Que a fé pode perdoar a natureza.

Uma cidade assim indulgente não deve recear
Os pecados mortais por que morrem os mais fortes
E são despedaçados pernas e braços e governos:

Os sacros relógios darão as horas, os vícios infantis
Serão defesa bastante das poucas virtudes das crianças,
E nada de sério pode acontecer por aqui.

                                                                Dezembro 1938

4 comentários:

  1. Para mim Macau, no meu imaginário, é o último verso de Auden. Talvez por isso não tenho nenhum interesse em conhecer.

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  2. Estamos de acordo. Muito embora, nos últimos anos de soberania portuguesa, muito boa gente, lá tivesse andado a colher patacas...

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  3. A colher patacas e criar maus hábitos. E não me refiro ao jogo. Refiro-me à relação com o dinheiro. Estavam uns anos avançados em relação aos cavacozinhos.

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