A grande conquista alcançada com a passagem para o aposento foi, e continua a ser, a liberdade de dedicação a tarefas agradáveis e, preferencialmente, nobres. A nobreza da matéria já estava escolhida há muito, faltava o tempo para a dedicação exclusiva.
Vem este introito a propósito de uma conferência, proferida em 1948, por Romano Guardini, na Universidade de Tubinga, sobre o Elogio do Livro. O autor interpela o auditório com a seguinte pergunta inicial: "Tendes amor ao livro?" para dissertar, de seguida, sobre o livro como objecto e "mercadoria espiritual".
Por coincidência, respondi, nas últimas semanas, positivamente, a uma segunda interrogação do autor: "Ocorreu-vos já, alguma vez, meus amigos, que maravilhosa criação do trabalho humano é um livro?" Fi-lo, com convicção, porque tive o privilégio de "toma(r) nas mãos uma coisa assim chamada - impressa em papel e encadernada em tela, ou em pele, ou em pergaminho -, com um sentimento de calma familiaridade. Sente-o como uma criatura, por quem se tem respeito e de quem se cuida, e cuja presença corpórea é causa de alegria. Para ele não é apenas um meio para atingir um fim, seja este o mais espiritual de todos, mas uma coisa perfeita em si mesma, prenhe de múltiplos significados e capaz de oferecer com largueza."
E, assim, termino com uma gravura de um dos mais belos livros que vi ultimamente.
Post de HMJ, dedicado a H.N. e JAD
Já vi que há uma trad. portuguesa dessa conferência, pelo que vou ver se a encontro.
ResponderEliminarPara MR:
ResponderEliminarFoi H.N. que me emprestou o livro em trad. portuguesa: "Elogio do Livro", Grifo, 1994, comprado num Alfarrabista.
:-). É bonito. E conta cada história.
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