quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Jogar o reino


As notícias são surpreendentes, logo pela manhã. A senhora de paupérrimas feições, grande amiga do nosso PR, convida os deputados do seu partido à insurreição, incitando-os, aguerridamente, a votarem contra o orçamento - inesperado, pelo menos. Entretanto, diz quem sabe, cerca de 600 farmácias vão fechar, a breve prazo. Negócio que era tão rentável, a notícia enche-nos de fundados receios. Será que a população se voltou para as mezinhas tradicionais e anda pelos campos à procura de ervas grátis e curativas para as suas mazelas e doenças? De qualquer forma, são sinais evidentes da crise e do desnorte.
Mas eu queria falar de coisas mais inocentes, porque, ontem, ao subir as escadas de uma casa amiga, à direita, numa taça vi uns objectos coloridos e simpáticos que, no Sul, dão pelo nome de berlindes. No Norte, jogava-se o reino. E os berlindes chamavam-se bolas de reino. Em longínqua infância, quando cimentaram o passeio da nossa rua, o meu amigo Fernando e eu desenhámos um círculo imperfeito, antes que o cimento secasse. E calcámos, no meio da circunferência, o nosso maior berlinde para, no futuro, à beira das nossas casas, podermos jogar o reino, em campo "privativo" e já marcado. Julgo que ainda lá está.
Eram jogos inocentes e baratos, estes, como jogar ao reino e jogar às "sameiras", ou caricas. Sameiro era o nome de uma laranjada muito em voga, no Norte, e as cápsulas com que brincávamos, herdaram-lhe o apelido. Em cima de pequenos muros ou, na praia, em longos montículos de areia, eram os nossos jogos de Verão preferidos. E baratos.
Hoje, andam a jogar o nosso reino. E sai-nos bem caro este jogo de altas esferas...

para os amigos anfitriões de ontem à noite.

4 comentários:

  1. A Dra.Ferreira Leite é adepta do velho adágio : A vingança é um prato que se serve frio...

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  2. Ontem, quando cheguei a casa, não pude deixar de me rir com as afirmações de MFL.
    E já viram como a Fátima Campos Ferreira e o José Gomes Ferreira andam a ficar assanhados contra aqueles que ainda há 15 dias defendiam com unhas e dentes? Bastou irem-lhes aos dinheiros. :)

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  3. A Sra. Dra., realmente, tem cara disso. E, se calhar, feitio...

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  4. É a velha história do Brecht, tanta vez esquecida, MR. Só quando chega à "nossa casa" é que começa a doer...

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