sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Outono das aves


Sempre me perguntei para onde vão as aves, nestes tempos de borrasca - que as não vejo.
Das andorinhas, sei eu que já foram para Sul. Mas o que será feito dos pardais que, ainda há uma semana, chilreavam, ao fim da tarde, a aconchegar-se no interior da árvore frondosa, ali defronte? Melros, hoje, não vi nenhum, nem mesmo as gaivotas apareceram. Apenas, o crocitar de (2?) corvos invisíveis.
Mas também eu já não páro na varanda a leste, senão alguns minutos, até os pés imóveis se harmonizarem com o frio da tijoleira. Em breve, só espreitarei do interior, para saber das rosas, dos 9 limões e do loureiro juvenil, muito rijo e direito.
Talvez os estorninhos já tenham começado a sobrevoar Lisboa, nos seus voos vertiginosos e densos. No domingo tenho que os procurar com atenção. E vem-me à memória Mafra e os versos de Outono de Gastão Cruz:

Dos castanheiros a folhagem árida
já desce no ar morto que se move
dentro da palidez do céu de outono
sobre as aves imóveis...

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