quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Da janela do aposento 16: "Os Trabalhos e os Dias"




Julgo que cada leitor terá títulos de livros que fazem parte da sua memória. Ou porque gostou particularmente de um livro, ou simplesmente porque se encantou com um determinado conjunto de palavras que servem para associações diversas, como é o caso. Sempre gostei do título em epígrafe – em tradução portuguesa – de um livro de Hesíodo, sobretudo pelo facto de se debruçar, numa das partes, sobre os trabalhos agrícolas, dando conselhos sobre a agricultura.
Com efeito, acontece que, com alguma frequência, me lembro da obra de Hesíodo, nomeadamente quando me começo a dedicar a tarefas um pouco fora do comum, sem explicação aparente para determinada inclinação momentânea. Hoje, com o dia “de capacete”, resolvi dedicar-me a uma tarefa há muito adiada, i.e., a costura. Com os dias que correm, convém não perder a prática de ensinamentos do passado, apostando na independência e auto-suficiência. Por outro lado, um caso recente de pirataria de uma imagem do ARPOSE para capa de um disco publicitado no Youtube, fez-me lembrar de uma tarefa adiada.
De facto, a boneca retratada no “post” do ARPOSE de 18.9.2012 apresenta-se com uma vestido que, embora o tivesse comprado, nunca me convenceu do ponto de vista estético, achava-o rústico demais para os traços delgados do objecto. Manias! Na altura da compra do vestido, decidi-me pelo preço, já que os vestidos “de marca” da boneca custam entre 30,00 a 40,00 euros, decisão autoritária que muitos pais rejeitam relativamente aos filhos. Opções de vida e fonte de endividamentos!
Portanto, “os dias” cinzentos, a convidar a ficar em casa, levou a “trabalhos” de feitura, entre outros, de um vestido para a boneca, tomando como modelo uma saia comprada, há anos, na parte antiga da cidade de Coblença. Do modelo ao resultado final, levei várias horas:


De permeio, recorri aos ensinamentos antigos de costura, recebidos na escola e em casa que, em tempos adversos, dão jeito para além de levantarem a “auto-estima” (!) perante o resultado final. A boneca ficou, de acordo com o meu gosto, sóbria, de cores adequadas ao seu perfil. Gostei da experiência, porque nunca tinha feito um vestido de boneca. No passado ensinaram-me, e bem, a costura de “roupa de casa, branca”, saias e blusas para gente crescida, porque a “bonecada” é do domínio do supérfluo.


Cá está a boneca, de novo, com autoria (= copyright) na vestimenta e na imagem (!)

 Post de HMJ, lembrando A.W. e L.J.

6 comentários:

  1. Sou um zero em costura e tenho pena de não saber cozer à máquina, mas agora não tenho pachorra para aprender.
    Não aprendi porque o oftalmologista disse à minha mãe que tal atividade me era proibida, o que me agradou particularmente na época.
    Um dia destes, HMJ, vai encontrar a boneca noutro vídeo. :)

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  2. Para MR:
    estou cada vez mais grata a uma escola que me ensinou tarefas práticas e tão essenciais como costura e culinária. São actividades que estimulam a ordenação lógica dos procedimentos. Além disso, são um desafio à persistência e, havendo "arte", a "técnica" fornece a tal "colher" para uma pessoa se desenvencilhar. E quando o resultado final vai, no caso da culinária, ao encontro dos convivas, o prémio para a cozinheira não pode ser maior!

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  3. Ficou muito mais gira com esta roupa!

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  4. Para Isabel:
    obrigado pela observação. Também acho que ficou melhor.

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  5. Melhor ficou. Mas está imagem já não seria aproveitada para imagem gráfica. :*)
    Bom dia.

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