Como se sabe, Ramalho Ortigão (1836-1915) foi um monárquico convicto, até ao fim dos seus dias. Mas esse facto nunca o impediu de usar de humor e sentido crítico em relação aos reis portugueses. Em "Perfis e Costumes", Ramalho faz uma apreciação bem disposta sobre 4 representantes da Monarquia portuguesa, assim:
"...D. Pedro fôra um bravo militar, que - como ele próprio escrevia ao marquês de Resende - nos constitucionalizou à força: Sois mon frère ou je te tue.
D. Miguel foi um rei-esbirro, assim como o irmão foi um rei-soldado; acamaradava a dois caceteiros, o José da Polícia e o João Sedvém, êle tinha êste ideal fixo: organizar uma boa sociedade exclusivamente composta de frades e de toureiros, e rachar o resto à bordoada.
D. João VI era um príncipe feito de lombo de porco e marmelada, - um ventre sempre cheio, quási sempre constipado, constantemente polvilhado de rapé e enformado nuns calções sujos.
Enfim Malherbe veio. Chegou o Senhor D. Fernando (Augusto Francisco António).
Um pouco menos rei que os seus predecessores, rei apenas por afinidade, esta circunstância tornava-o simpático. ..."
para MR, em jeito de geminação, por ter falado da morte de D. Pedro IV, no Prosimetron.
Adoro Ramalho e D. Fernando, quantos aos outros três não tenho grande simpatia - sobretudo D. Miguel e D. João VI.
ResponderEliminarHá alguma simplificação nestes perfis, que não surpreende dado o género de prosa em causa. Mas os traços gerais não podem ser desmentidos, ainda que em relação a D.João VI eu continue a achar que há alguma injustiça que até os historiadores brasileiros já foram reparando. E não devia ser nada fácil ser pai de tais filhos (D.Pedro e D.Miguel ), e marido de tal mulher!
ResponderEliminarOs textos acompanhavam o "Album de Glórias" e justificavam, plenamente, a "pincelada" caricatural, muito embora não estejam longe da realidade que se conhece. Concordo em absoluto consigo, Margarida, em relação a D. Fernado - um grande Rei-sombra.
ResponderEliminarOs "mentideros", LB, põe muito em dúvida a paternidade legítima de D. Miguel, como o meu Amigo deve saber. Li algures (?) que D. João VI "afiançava" apenas alguns dos rebentos. Agora, a mãe é certo que foi D. Carlota Joaquina. Que não seria grande peça...
Nunca dei grande crédito à questão da paternidade de D.Miguel, tanto pelo facto da sua divulgação ter servido sobretudo aos Liberais, como pelo facto mais inegável de que D.Miguel não foi o último filho do casal D.João VI-D.Carlota Joaquina, nasceram depois dele as Infantas D.Maria da Assunção e D.Ana de Jesus Maria, esta nascida já no Brasil. E D.João VI nunca enjeitou a paternidade destas filhas, nascidas depois de D.Miguel. A questão da paternidade de D.Miguel tem de ser vista no contexto mais abrangente das relações familiares péssimas entre marido e mulher e pai e filhos. Se um filho meu me tentasse destronar também eu seria capaz de achar que ele não era meu filho...
ResponderEliminarVossa Magestade foi pai?
ResponderEliminarO resto da história... pertence à História.
Tenho pedido para se fazer o ADN Existem cabelos de todos.
Mas a verdade pode não interessar a uma das partes, não interessa qual. Assim, continuam os ditos, e só um dos lados é que tem a verdade... Neste caso, a ciência.
Se as origens de D. Miguel são, para a maioria dos portugueses, de somenos importância, para uma minoria (sempre respeitável, do meu ponto de vista)serão de importância crucial - parece-me. Para lhe ser franco, LB, se D. Pedro IV aparenta semelhanças com D. João VI (fosse, aquele, mais gordo), à minha vista, D. Miguel, que é mais bonito de rosto, não me lembra, nos seus traços fisionómicos, o seu pai formal. Mas também reconheço que conheço irmãos, que são muito diferentes entre si.
ResponderEliminarQuanto a guerras familiares pelo Poder foram sempre uma constante, em Portugal: D. Afonso Henriques/ D. Teresa, D. Afonso IV/ D. Dinis, D. Pedro I/ D. Afonso IV, D. Pedro II/ D. Afonso VI... O Poder, em si, muittas vezes, assemelha-se a um ninho de lacraus.
A quem queira conhecer a Verdade, JAD, o ADN é, realmente, uma resposta cientificamente rigorosa e muitissimo importante para afastar qualquer dúvida. Haja vontade!
ResponderEliminarTenho bastante simpatia por D. Pedro IV e por D. Fernando, por diferentes razões. Este último foi pai de D. Pedro V (educou-o bem) que é o meu segundo rei preferido, apesar de um pouco autoritário, mesmo para a época.
ResponderEliminarTambém entram na minha simpatia, MR.
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