Perceber o fio condutor dos dias, do ponto de vista interior, não é tarefa simples. É fácil lembrarmos os sinais exteriores, os vestígios remanescentes, mas não as atmosferas que produziram ou provocaram, consentidamente por nós.
Por entre as imagens de Audubon e o peneireiro que parece ter passado, em voo furtivo acastanhado, surge também a "guerra das rosas" (Ségolène/Valérie) de Hollande que, por sua vez, se cruza com a citação de Alain ("...os romancistas notaram frequentemente que o primeiro sinal de infidelidade da mulher, é o regresso da delicadeza e da atenção para com o marido...); mas há também os passos da manhã e, depois, ao fim da tarde, a luz a esvair-se num sorvedouro rápido em direcção ao Outono. Como a memória da maré vaza, por onde as águas se retraem em direcção (?) às praias do outro lado do mundo.
Tudo isso são âncoras que a memória retém em fragmentos desconexos, tantas vezes, marcas ou marcos geodésicos, sempre virtuais, que se irão perder. O que ficará do dia? Com certeza as 4 árvores e o arbusto, em frente, que começaram a estremecer e a agitarem-se a uma leve brisa que se levantou. Amanhã, estarão lá, ainda.
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