sábado, 8 de setembro de 2012

Pedigree


É um pormenor talvez insólito, à primeira vista, mas que, para mim, faz todo o sentido. E, assegurando a linhagem, garante a qualidade da Arte. Falo de Música e do facto de quase todas as biografias (ou C. V.) de instrumentistas célebres incluirem o nome de quem os ensinou, ou de quem foram alunos. A excelência do ensino para a continuidade e qualidade da arte. Vianna da Motta honrava-se e referia, com orgulho, ter sido um dos últimos alunos de Franz Liszt. Bem como Claudio Arrau, indirectamente, também o foi, pela intermediação de Martin Krause, que aprendeu de Liszt. Ou Alfred Cortot que acaba por entroncar em Chopin, através de Émile Descombes. Ou Solomon que recebeu de Clara Schumann, através de Mathilde Verne. E ainda (dos poucos que eu sei):
- Alfred Brendel que aperfeiçoou com Edwin Fisher;
- Jacqueline du Pré, que aprendeu com Tortelier e Pablo Casals;
- Nigel Kennedy, que teve lições com Yehudi Menuhin.
Este é o único caso de linhagens que aceito e respeito, porque garantem a qualidade humana na transmissão da Arte. Sangue que não é azul, nem líquido, mas imaterial e muito mais profundo, na sua autenticidade.

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