domingo, 4 de dezembro de 2011

Rainer Maria Rilke


O grande poeta alemão nasceu a 4 de Dezembro de 1875, mas a sua influência ainda hoje se faz sentir na poesia europeia. Além da sua obra em verso, um dos seus livros mais importantes é "Os Cadernos de Malte Laurids Brigge", que Paulo Quintela traduziu em 1953/54, tendo sido publicado em 1955. O Professor de Coimbra chama-lhe "romance", classificação que tenho alguma dificuldade em aceitar, preferindo-lhe o original "cadernos", ou diário em prosa, muito embora não constem datas nesta obra de Rainer Maria Rilke.
Paris é o cenário omnipresente, muito embora o livro tenha sido iniciado em Roma, no ano de 1904. De lenta maturação, a obra atravessa o período conturbado em que Rilke foi secretário de Rodin, até se dar a ruptura, tendo sido publicado apenas em 1910, em Leipzig. Verlaine, Baudelaire e a "Dame à la Licorne" são referidos, mas também revisitações à infância e adolescência do Poeta. E uma lenta aprendizagem da Arte e da Vida.
No dia em que passa mais um aniversário do nascimento de Rainer Maria Rilke, venho lembrá-lo, na versão portuguesa de Paulo Quintela, através de um pequeno excerto da obra referida acima:
"...Já disse? Aprendo a ver. Sim, estou a começar. Ainda vai mal. Mas vou aproveitar o meu tempo.
Por exemplo: que nunca tinha tido consciência de quantas caras há. Há muitas pessoas, mas há ainda muitas mais caras, pois cada uma tem várias. Há pessoas que usam uma cara anos seguidos; gasta-se naturalmente, suja-se, quebra nas rugas, alarga como as luvas que se usaram em viagem. São as pessoas simples, poupadas; não mudam de cara, nem a mandam lavar. Serve muito bem, afirmam elas; e quem é que lhes pode provar o contrário? Mas perguntar-se-á: Se têm várias caras, que fazem das outras? - Guardam-nas. Serão para os filhos. Mas acontece também os seus cães saírem com elas. E porque não? Uma cara é uma cara. ..."

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