sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sombrios e luminosos


"Antes da queda do Muro, houve um período muito extraordinário em que todos os artistas e escritores, num clima de semi-ditadura, se dirigiam aos espectadores ou aos leitores que sabiam perfeitamente compreender e ler nas entrelinhas. Tudo encontrava um eco. Nessa época, a cultura desempenhava um papel social essencial. O que já não existe mais hoje na nossa sociedade de liberdade. Nós escreviamos numa zona que se situava entre o que era autorizado e o que era interdito. Chamávamos-lhe a «zona cinzenta». Os tempos da dissidência eram simultaneamente sombrios e luminosos. Até mesmo  os anos mais negros, os da prisão, me enriqueceram de certa maneira..." (2007)
Václav Havel (1936-2011).

3 comentários:

  1. Nós, portugueses, com alguns anos de idade, compreendemos perfeitamente estas palavras.

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  2. A verdade destas palavras.
    O clima fraterno - até pareço o Jad a falar :) - que então existia nesse grupo por cá, e possivelmente na Checoslováquia seria o mesmo: anos «sombrios e luminosos».

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  3. A solidariedade, nesse tempo, não era uma palavra vã. Foi, aliás, pela similitude com o que se viveu em Portugal, MR, que escolhi este excerto.

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