sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Intermitências de Natal


Pela rua dos Condes vem uma enxurrada de crianças, em pelotões de 20 ou 30, guiadas por trintonas quase todas de cabeça armada com cornos de rena ou antenas da abelha Maia. Duas ou três com barretes de Pai Natal. Quem diria, com tantos infantes (bem à vontade duas centenas...) que baixou a taxa de natalidade, tantos são os meninos- jesus a vir dos  Templos: o Coliseu, com o seu Circo de Natal, e o Politeama com o Pinóquio do La Féria, sempre oportuno comerciante. Vindas das Portas de Santo Antão, as crianças derramam-se pela Avenida da Liberdade fora, numa soada crescente e colorida.
No Rossio, uma intervenção artística de caixas de fruta (?), brancas, da Plastidom (?), circunda a praça. Não fossem os jacarandás que, na sua memória brasileira genética, florescem a espaços com raros azúis, violetas e lilás, e a praça teria um ar pobrete, esbranquiçado demais...
Mas depois, a meio, no 44, há uma gruta mágica. Por entre as lembranças e postais turísticos, dezenas de bonecos de barro de Barcelos, Estremoz, aperaltam-se de brilho sobre o barro, para os presépios que os esperam  no aconchego das casas para onde os levem. Há 50, 60 anos custavam Esc. $50 ou 1$00, conforme o tamanho, entre ovelha, pastor ou rei mago encavalitado ou em cima de camelo. Agora o casal ancião e pequenino, simpático, que os vende, leva 2,00 euros pelos mais pequenos. Mas são irresistíveis, na memória.

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