Estes 4 folhetos do séc. XVIII (1742, 1793 e 1800), dois deles desencadernados, provavelmente, de uma mesma e velha miscelânea, custaram-me, ontem, menos do que o preço que daria por um daqueles volumes estridentes que a montra da Bertrand, no Chiado, ostenta nos seus vermelhos berrantes com letras douradas em alto relevo.
Pelos menos, aos folhetos ainda lhes encontro alguma estética, e 2 tem muito boa qualidade de impressão. Os versos do Epicédio, com um soneto final, feitos pelo Fr. António de S. Caetano, não terão grande qualidade poética, mas documentam uma fase post-barroca anunciando o pré-romantismo.
O único folheto sem data e sem autor (Malos male perdet...), embora com certeza da mesma época, é muito informativo. Enumera todos os possíveis santos portugueses , as virtudes de alguns dos nossos reis e fornece alguns dados económicos que passo a transcrever, da pg. 20, com alguma actualização ortográfica:
"...El-rei Dom Afonso Henriques edificou 150 templos, & deixou no tesouro oitocentos & vinte mil cruzados em moedas de ouro. El-rei Dom Sancho quinhentos mil cruzados, & mil, & quatrocentos marcos de prata. El-rei D. Pedro oitocentas mil peças de ouro, & quatrocentos mil marcos de prata, & muitas moedas de ouro, & joias de grande preço. El-rei D. Manuel, & El-rei D. João o Terceiro tinham sempre na India, Africa, & outras partes vinte mil soldados, & mais de trezentos navios de toda a sorte, sem se valerem de aliados, nem de Principes estrangeiros, antes aos tais mandaram por muitas vezes socorrer; & em tempo Del-rei D. Manuel havia tanto ouro em Portugal que recusavam os homens, que lhe pagassem suas dividas em moedas de ouro finissimo, & queriam antes prata..."
Mesmo descontando algum possível exagero, quanto a Marinha e Finanças, bons tempos eram estes!...
Os "mandadores" de agora levam a prata e deixam as dívidas. Não servem a "coisa pública", antes se servem dela. [E há quem menospreze a gramática...]
ResponderEliminarTem toda a razão, minha Amiga. E começa a ser deprimente assistir diariamente a isto. Parece as últimas trafulhices foram na Cultura do Viegas...
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