Tenho cada vez menos paciência e capacidade para suportar o purismo impoluto de algumas criaturas que, sendo transversais a vários ofícios, têm o epicentro etário e maioritário entre os quarenta e poucos e os ciquenta e muitos anos. É um modo de vida, uma forma de estar e dizer-se independente, um certo elitismo provinciano ou snobeira que os leva a rechaçar tudo, a tudo excluir, mas a nada, nunca, apresentar como alternativas ou opções que apoiem, declaradamente. No fundo, reservam-se sempre e não gostam de sujar as mãos na lama dos dias. E quase nunca nomeiam referências.
Quando eu era novo, tinha como heróis Nuno Álvares Pereira e Thomas Moore, sabendo que não eram homens perfeitos. Um pela soberba ética de algumas atitudes, outro, pelo gosto ou ganância de acumular riqueza, e pelas birras. Eram humanos, apenas, e como diz o povo: "o bom é inimigo do óptimo". É difícil dizer, hoje, que ainda tenho heróis e exemplos, ou nomeá-los. Mas admiro Steiner porque me faz pensar, e aprecio a irreverência paradoxal de Cioran que me obriga a situar a minha própria posição. Gostei, por exemplo, do exercício político discreto de Jospin que foi, nos tempos que correm, o último socialista autêntico, na Europa. Ou Delors. E acompanhei, com curiosa atenção, o percurso presidencial de Mittérrand. Não se pode dizer que não tenho referências.
Não me consigo é dar ao luxo desses devaneios de independência de alguns tecnocratas balofos, alguns deles lusos, de cérebro minguado, sem deus nem pátrias, e de espírito e pensamento, dito, independente. Chamávamos-lhes, nos meus tempos de juventude: os fanãs...
ainda bem que só tenho 29 anos e atitude de aprendiz...
ResponderEliminarNunca a incluiria no rol, Teresa..:-))
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