Muitas expressões populares, com o tempo, vieram a alargar-se, do restrito e particular concreto, a campos mais vastos de significação, que se afastaram da razão inicial. É o caso da expressão: quem espera por sapatos de defunto, morre descalço (ou, toda a vida anda descalço).
Antigamente, explica António Tomás Pires (Origem de várias locuções, adágios, anexins...), nalgumas cidades, vilas e lugarejos, cada Irmandade ou Confraria tinha um Irmão, a que chamavam "campeiro", e a quem estava atribuída a tarefa, quando morria algum Confrade, de ir pela povoação tangendo uma campaínha, a fim de avisar os restantes irmãos, para que estes fossem ao velório e, posteriormente, acompanhassem o defunto, até à campa do cemitério. Por esse trabalho, o campeiro recebia, em herança, os sapatos do falecido, ou como rezava a tradição: "todo o confrade que se finar, dê os sapatos ao companheiro".
Como se pode constatar, o significado afastou-se da origem e perdeu o sentido inicial. A expressão, hoje, quer dizer: quem espera recompensa ou lucros problemáticos, pode muito bem sair ou ficar descalço...
Não sabia a origem da expressão. E quando o defunto não tinha sapatos, o que devia acontecer frequentemente?
ResponderEliminar"Hoc opus hic labor est"..:-))
ResponderEliminarA dificuldade e a incógnita. :)
ResponderEliminarÉ verdade, MR...
ResponderEliminarBoa noite, Isabel!