Como
explicação assaz curiosa da imagem acima, verifica-se que o menino preenche uma
folha, com exemplos em Castelhano, embora acompanhasse uma notícia sobre os
resultados recentes de alunos portugueses em diversas áreas do saber. Para o
efeito tanto importa, porque o mal é global e não exclusivamente português,
porque falamos, certamente, de uma importação indevida e nociva, designadamente
no que respeita ao essencial do ser humano.
Portanto,
o acessório da imagem representa, em Português ou Castelhano, o grau zero da
mobilidade manual e do aperfeiçoamento do movimento no desenho das letras,
pousio indispensável ao desenvolvimento das ideias, ou seja, o domínio do
exercício mecânico sobre a esfera do pensar.
Contrariando
muitas almas caridosas, sempre rejeitei e não aceito, testes de importação, “à
americana”, “de cruzinhas”, de “escolhas múltiplas” e quejandos, sobretudo no
ensino da língua e da literatura, pela matricial incapacidade de representar o
universo infinito de combinação da Língua e, sobretudo, de pretender abarcar um
universo tão vasto como a Literatura. Confesso que a importação pobre de “testes de escolha múltipla”
facilita, e muito, o trabalho de correcção, aumenta a estatística, sobretudo
daqueles que, maioritariamente, apostam no factor “sorte” do ensino, em
detrimento dos alunos que, com esforço, acham que vale a pena pensar antes de
escrever.
E,
à semelhança dos indigentes “exames de condução”, os testes “de escolha
múltipla” costumam premiar os “sortudos” e penalizar os que pensam pela sua
própria cabeça. Convenhamos que a Semântica e, sobretudo, a Pragmática não se
esgotam numa simples frase fora do seu contexto. Desgraçados os que pensam pela
sua cabeça e que, perante o beco sem saída do exemplo, frequentemente redutor,
não podem escrever nem justificar as opções de um universo muito maior.
Assim,
chegamos ao essencial do “post”. Ou seja, o lento abastardar das Ciências
Humanas e, sobretudo, da Língua e da Literatura a um exercício contabilístico
imediato, um “deve” e “haver” que, de todo, o pensamento, suportado por
qualquer língua, rejeita.
Post
de HMJ, recordando o Pensar, de
Vergílio Ferreira.
Há muita coisa errada na Educação. Trabalha-se em primeiro lugar para os números. Atingir metas impossíveis, de sucesso, é o objectivo. E faz-se tudo para lá chegar.
ResponderEliminarEnfim...
Boa noite!
Para a Isabel:
ResponderEliminarPois é. Pôr as criaturas a pensar demora tempo.