Este país não é senão uma intenção de espírito, um anti-túmulo.
No meu país, as tenras evidências da primavera e os pássaros
desprotegidos são preferidos aos fins incertos.
A verdade espera pela aurora ao lado de uma tocha.
Desprezamos o vidro das janelas.
Que interessa apenas ao curioso.
No meu país não se questiona um homem comovido.
Não há sombras maléficas sobre a nau submersa.
Dizer apenas bom dia, não se faz no meu país.
Só se empresta aquilo que regressa acrescido.
Há folhas, muitas folhas nas árvores do meu país. Mas
os ramos são livres para darem, ou não, frutos.
Não acreditamos na boa fé do vencedor.
No meu país, agradecemos.
Nota pessoal: este poema de Char, que leio, ou interpreto como se fora um hino de afecto à França, foi traduzido por mim, para integrar a "Escolha Pessoal VI", no blogue amigo Prosimetron, em Novembro de 2009. Pese embora o imperfeito trabalho que é uma tradução, achei que era altura de incluir esta versão, também, no arquivo do Arpose. Aqui fica portanto, com as imperfeições humanas que possa ter, por minha culpa.
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