sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Capas com gosto


Não faço na menor ideia por onde anda o gosto estético da grande maioria dos actuais capistas gráficos portugueses. Se calhar, nunca o tiverem. Mas, se o têm, deve andar pelas ruas da amargura, do mau gosto chineleiro. É evidente que Sebastião Rodrigues e Victor Palla eram únicos. Mas mesmo outros capistas, mais modestos em génio, nos anos 60 e 70, faziam capas estimáveis que não envergonhavam ninguém. Hoje copia-se (mal) o que há (de pior) lá fora. E, se calhar, ficam todos contentes, editoras inclusive, com o (péssimo) trabalho feito. Primam a foleirice e o quitche mais parolo e provinciano, sobretudo.
O bom gosto, antigamente, era quase obrigatório nas capas de obras de autores conhecidos, até porque eles se empenhavam, também, nisso. Lá fora, como em Portugal. Das muito sóbrias capas dos romances de Aquilino, da Bertrand, às inovadoras e mais exuberantes capas modernas de Cardoso Pires. Mas todas primavam pelo predomínio de um nítido equilíbrio estético, que acompanhava os conteúdos de qualidade. Lá fora, a preocupação era idêntica, mesmo que a edição fosse modesta  e popular, como se pode ver pelas capas inglesas e americanas (anos 50/60), que deixo em imagem, a encimar este poste.
Porque, hoje em dia, contemplar as montras das livrarias portuguesas (Bertrand, ao Chiado, inclusive), quase me dá vontade de vomitar. Esteticamente - quero eu dizer.

4 comentários:

  1. E capas com imagens que nada têm a ver com o conteúdo do livro.

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  2. Se calhar os autores também não merecem mais (quem cala, consente)... mas, este "bombardeamento" visual de mau gosto, aflige-me bastante.

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  3. Por acaso às vezes fico surpreendida pelo mau gosto de algumas capas que afastam dos livros. Já me aconteceu comprar algum livro só depois de me ser recomendado por quem o leu, porque à primeira impressão a capa afastou-me dele.
    Uma capa pode levar-nos a pegar num livro ou afastar-nos dele.
    A capa tem alguma importância.
    Boa noite!

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  4. Dá-me sempre gosto pegar num livro velho, ou antigo, mas que tenha uma capa escorreita e estéticamente bem concebido. Porque, hoje em dia - e como a Isabel diz -, são raros os casos em que a capa nos agrada. A estridência, as cores berrantes, o traço tosco, predominam. E os autores também não se impõem, o que é lamentável.

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