Penso que um dos perigos maiores que nos podem assaltar, na maturidade, e quando julgamos ter adquirido algumas verdades essenciais e inamovíveis, é constatar, muitas vezes com desagrado e até alguma irritação, que nem todos pensam como nós. E termos dificuldade em perceber, nos outros, o facto de terem chegado a conclusões tão diferentes das nossas - por vezes, até, diametralmente opostas.
Há dias, numa deambulação despreocupada pela net, fiquei profundamente chocado ao ver, num blogue, um poema de um dos meus poetas de referência, com os versos amplamente intersectados (melhor diria: decepados) por quadros célebres, que lhe interrompiam a leitura, num profundo desrespeito pela obra e num barroco e despropositado exibicionismo de cultura (?).
O mesmo acontece, frequentemente, com ilustrações de vídeos, na net. Músicas estimáveis em vídeo são, por vezes, acompanhadas por ininterruptas imagens redundantes, despropositadas e cheias de rodriguinhos bacocos ou paisagens "bonitinhas". Como se a música, em si, não bastasse. E o problema é que, às vezes, não há outra escolha possível... Com alguma melancolia há que concluir que não há só uma verdade.
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