domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ante-manhã


Para chegar de novo até aqui, tenho que recuar quase cinquenta anos, até uma praia do Norte, batida pelo vento, porque o vermelho ardia e parecia contagiar o azul intensíssimo, por cima. O areal quase deserto, ainda não iluminado pelo Sol. E, pouco depois, chegaram os pescadores de sargaço, uma horda gritante, com as suas jangadas de cortiça, correndo para o mar, coberto que ele estava por um tapete de algas, imenso.
Mas não havia pássaros, na altura. Hoje, três corvos, também de intensa negrura acrescentaram essa memória longínqua. Crocitaram, pesados e grandes, sobre o largo outrabandista ainda vazio de pessoas, marcando o espaço. Depois ficaram, vigilantes, dominando, no alto de dois pinheiros altos.

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