domingo, 17 de fevereiro de 2013

Idiotismos 12


Na sua Crónica de D. Fernando, Fernão Lopes refere: "...Convidou el-rei D. Fernando o conde e todos os capitães que com ele vinham, e a rainha, a condessa e as donas e donzelas da sua companhia; e este convite foi nos paços[...]onde foi feita sala mui honradamente..." Este fazer sala é por isso de origem antiga, datando pelo menos do séc. XV. O significado, a princípio, seria talvez mais amplo, porque, hoje, vale por: entreter o tempo, eventualmente, conversando. Podendo alargar-se a receber alguém com delicadeza. Ou ainda, entrar num estabelecimento e lá ficar, sem fazer despesa.
Analisada a frio, no entanto, esta expressão não deixa de ser estranha, como se as pessoas a quem é aplicada, fossem como que paredes ou cenário de um aposento. E mais não digo, porque não sei.

2 comentários:

  1. Nunca pensei nesta expressão de Fernão Lopes com este sentido, mas sim com o do espaço. Lisboa não tinha espaços civis que levassem muita gente. Era necessário improvisar "salas". Lembro-me -e espero não estar com a memória num farrapo - que para se dar um banquete régio, em Lisboa, se teve de ir para a casa de construção de barcos... E que quando morreu D. Manuel, D. João III teve de dormir fora do chamado Paço da Ribeira, porque não havia senão um quarto digno desse nome... Sempre a improvisar. Nos tempos de "dinheiro fácil" construiu-se o CCB porque não havia espaços para a reunião... Ocupou-se logo tudo que voltou a não haver espaços ... e na última reunião lá se foi para o Parque das Nações, alugando espaços...

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  2. Preciosas, pelo menos para mim, as suas achegas. E terá razão, com certeza, nas palavras assim usadas, à época. Muito obrigado.

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