Às vezes esquecemos que a primeira globalização, no séc. XVI sobretudo, contribuiu grandemente para o enriquecimento cultural, gastronómico e até para uma maior biodiversidade dos continentes. Por termos visto muitos filmes sobre o faroeste americano, temos dificuldade, por vezes, em lembrarmo-nos que os primeiros cavalos que pisaram o solo americano, foram levados da Europa, por Fernando Cortez.
Mas também recebemos em troca. Por exemplo a batata, que veio dos Andes e acabou por substituir as castanhas, no acompanhamento das refeições, em muitos países europeus. No entanto - e era aqui que eu queria chegar, para o dizer -, nunca, até há 15/20 anos atrás, me chegou ao prato batata de tão fraca qualidade como agora. Na maior parte dos casos, vem de França, para as grandes superfícies. Mesmo que a dividam em batata para cozer e batata para fritar e assar. Farinhentas, descoradas, insípidas - uma lástima...
Longe vai o tempo em que elas começavam a aparecer, primeiro, da Lourinhã e do Montijo, depois iam amadurecendo nas Beiras, até chegarem, finalmente, de Trás-os-Montes - bons tempos de produção nacional, porque a batata era, quase sempre, boa. Agora, só através de deslocações às terras saloias e por ofertas amigas, vindas de Constância ou da Lourinhã, temos o gosto de as saborear no seu sabor inteiro.
Claro que a França, com a parte de leão que recebe da PAC para a sua agricultura, pode bem vender o rebotalho da produção aos Santos e aos Belmiros, ao preço da uva mijona, para eles encherem os bolsos, depois, e as grandes superfícies de toneladas de péssima batata, para consumo do pagode luso.
E vem tudo isto a propósito porque, no domingo passado, dois magníficos linguados grelhados iam-se perdendo no meio de reles batatas cozidas, francesas... que acabamos por deixar no prato, quase todas.
Nunca tinha prestado atenção aos cavalos... Agora que os recordou, o que estava no mundo do esquecimento, voltou.
ResponderEliminarQuando aparecem as batatas novas, compro-as numa mercearia e são bastante boas. De resto, são miseráveis.
ResponderEliminarFaz sempre bem lembrar, JAD, e às vezes há destes cliques...
ResponderEliminarÉ o melhor, Miss Tolstoi; ou, então, nos mercados.
ResponderEliminarNunca entendi o gosto de comer batatas cozidas ou as chamadas "a murro" com o peixe grelhado. Estragamos o sabor do linguado... Legumes ou (sacrilégio!) batata frita, eis o mix ideal.
ResponderEliminarEra, realmente, assim (fritas) na minha infância minhota, para acompanhar peixe frito ou grelhado. Mas o problema mantém-se, porque há batata (francesa?) frita, péssima. No almoço de domingo, valeu-nos uma boa couve-flor - que estava um regalo - para acompanhar os linguados.
ResponderEliminarAinda hoje me lembrei dos malefícios deste tipo de globalização - nem tudo é mau, mas há tesouros que se vão perdendo. As batatas são um exemplo, mas tenho lamentado sobretudo as maçãs bravo esmolfe que eram pequenas e saborosas, agora são grandes e luzidias e sabem a água com açúcar... Deixei de as comprar. Quanto às batatas, fiquei com curiosidade do peixe com batatas fritas.
ResponderEliminarAs batatatas fritas, quando boas, vão lindamente com peixe frito, principalmente, filetes de pescada. Vale a pena experimentar, Margarida. Das maçãs, isso que diz, é bem verdade. Às vezes, nos mercados e praças, encontram-se "Riscadinhas", que são de Palmela, e muito boas. Em última instância, resta-nos a "Raineta" que, normalmente, preserva a qualidade original.
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