sábado, 30 de outubro de 2010

Paul Valéry sobre "Le Cimitière Marin"


Paul Valéry, nascido a 30 de Outubro de 1871, em França, foi poeta e ensaísta, e faleceu em 1945. Em poesia, a sua obra mais conhecida é "Le Cimitière Marin" (editado pela Hiena Editora, 1987, em tradução de Pedro José Leal) que data de 1920. Anos depois de o ter publicado, Paul Valéry escreveu um texto, "Au sujet du Cimitière Marin", que veio a integrar em "Variété III" (pg. 68), editado em 1936. É o seu final que passamos a traduzir:

"...não há verdadeiro sentido de um texto. Não há autoridade do autor. Fosse o que fosse que ele quis dizer, ele escreveu o que escreveu. Uma vez publicado, um texto é como um aparelho de que cada um se pode servir e segundo os seus próprios meios: não é certo que o construtor o use melhor do que os outros. De resto, ele sabe bem o que quis fazer, e este conhecimento perturba sempre, nele, a percepção do que fez."

4 comentários:

  1. Não haverá verdadeiro sentido de um texto? De resto até concordo com o que Valéry escreveu. Mas também é verdade que, por vezes, as interpretações adulteram o sentido inicial do texto. Até há casos históricos disso.

    ResponderEliminar
  2. Eu creio que este "não haverá verdadeiro sentido.." significa que um texto não tem um sentido único (que seria o verdadeiro). Da minha experiência retiro que há sempre várias leituras, através das releituras, da idade e da experiência. O texto de Valéry é uma reflexão do autor, depois de ouvir uma aula em que G. Cohen "explicou" o poema "Le Cimetière Marin".
    A que acrescenta o seu "pré-projecto"( ele, Valéry) ao escrevê-lo. É um tema, no entanto, que nos pode levar por muitos caminhos...

    ResponderEliminar
  3. Parece-me que isso não pode ser generalizado. De resto, concordo que há textos com várias interpretações, que podem dar aso a leituras em que o autor não pensou, etc.
    E até há "interpretações" que subvertem o sentido inicial do texto. Parece-me que quem quiser ir por ai, é melhor escrever um novo texto.

    ResponderEliminar
  4. De acordo que não se pode generalizar. Mas a poesia - como é o caso - na sua, muitas vezes, ambiguidade, MR, leva o leitor, na sua variada experiência, a interpretações várias e, teoricamente, possíveis. O José Gomes Ferreira, pioneiro, neste aspecto, dava pistas, em itálico, para a origem de muitos poemas. Mas que fazer, por exemplo, em aspectos mínimos do soneto "O sol é grande...", de Sá de Miranda?, em que o 2ºverso ("...do tempo em tal sazão que sói ser fria...") tem exegeses que o interpretam como Outubro-Novembro, e outras que o colocam entre Fevereiro-Março?

    ResponderEliminar