terça-feira, 19 de outubro de 2010

Décadas


Pese embora o erro da generalização excessiva que tem, muitas vezes, um fascínio irrecusável, eu pecador me confesso. Já em tempos, aqui no Arpose (poste de Domenico Modugno, "Lontananza") tentei abordar, de forma subjectiva, as fracturas das décadas 50, 60, 70... do século passado. Hoje, ao reler(?) o prefácio de Rosa María Pereda ao livro Joven poesía española (Catedra, Letras Hispánicas, Madrid, 1993), deparei com o mesmo "pecado". Como segue, traduzido.
"... Os poetas a que me refiro - a quem os seus inimigos chamaram já novíssimos ou venezianos - são o fruto dos anos 60, da década da revolta, do entusiasmo pelas liberdades individuais e civis, do crescendo revolucionário no terceiro mundo e no ocidente, da aparição da chamada nova esquerda - e da inimaginável possibilidade de existência da nova direita...-, dos anos dourados de Praga e da Califórnia, enfim, desse processo que culmina no Maio 68, para abrir a porta a outra década, a dos anos 70, sem dúvida algo mais sórdida, seguramente mais triste. ..."
P.S.: para c. a., até pelo Miró.
Nota: em nome do rigor e com grato reconhecimento a 2 bons Amigos, se declara que este Miró " is a fake". Que me perdoem a distracção, mas como eu gosto de dizer: "no melhor pano cai a nódoa".

6 comentários:

  1. A geração dos 60 foi ingénua, talvez. A dos 70, não creio que seja sórdida (julgo que a sordidez veio mais à frente). Cínica talvez, e seguramente mais triste. Geração de fim de festa.... Mas é como diz, as generalizações são perigosas. Obrigado, APS.

    PS: Não sei bem o que pensar deste «Mountain View à la Miró» ... :-)

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  2. Deixando de fora a poesia espanhola - realidade que conheço muito superficialmente -, a década de 70 foi muito boa tanto para Portugal como para a Espanha.

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  3. Acho que vemos sempre por nós,c.a.,e também do pequeno círculo que nos rodeia, ou rodeou. Concordo com o que diz sobre os 60. Nem tanto,com os 70, acho que o cinismo veio, sobretudo, com os 80. Politicamente vejo 2 nomes para isso. Reagan e Tatcher. Mas tenho imensa dificuldade em vislumbrar as grandes linhas dos anos 90. Agora, esta década que está, presentemente, a acabar, em Portugal, será a do desencanto, em relação ao futuro e às politicas,em geral.

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  4. Concordo, Miss Tolstoi, a Ibéria teve uma das suas décadas mais ricas, nos 70, em esperança e generosidade.

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  5. Completamente de acordo com os seus comentários, APS.

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