sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nobreza de Espírito


Não sei se, muitas vezes, me faço entender inteiramente - gostaria. Houve um tempo (há cerca de 30 anos) em que eu tive, no meu local de trabalho, 2 colegas que me obrigavam, quando em diálogo, a saltos gigantescos, para os seguir, por associação e, algumas vezes, por intuição e palpite. Deixo apenas os apelidos: Perestrelo e Câmara Pina. Um era de direita, outro de esquerda. Pelo menos, um deles já morreu. Tinha uma educação britânica, e era um excessivo num dos pecados capitais (que a religião consagra). Era um homem isolado, muito inteligente e feliz, no sentido humanista do termo. Mas precisava, nesta sociedade de empresas que, às vezes, sendo grandes, são também imensamente reles, vulgarmente rascas e desprezíveis, de se auto-compensar através dum dos pecados bíblicos.
Eram dois homens nobres, dois aristocratas de espírito - que é a única nobreza que eu reconheço e respeito nalguns que não exigem, nos formalismos bacocos de quadros e fotografias togadas, o peito cheio de veneras. Os realmente nobres são simples no trato, tratam todos de igual para igual, não excluem ninguém. Fotografam-se em camisa, esgargalados. E, normalmente, são inteligentes e vêem o Outro.
Mas, por vezes, também são difíceis de entender. E reconhecer.
In Memoriam, com saudade.

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