As palavras têm vida incerta e evolução imprevista, muitas vezes. Umas irradiam, crescem, abarcam novos sentidos, coisas diversas na sua dinâmica própria. Outras concentram-se e intensificam o seu domínio. E outras ainda, simplesmente, perdem a utilidade, ficam no tempo - morrem. E nunca mais ressuscitam, a não ser fugazmente pela curiosidade de um antiquário ou algum arqueólogo de coisas perdidas, mais persistente.
Para mim, Chico, na sua vocalização, lembra-me, logo à partida e de imediato um amigo. De infância, que se chamava Francisco José, mas o Cardeal Saraiva (Obras Completas, IX, 1880, pg. 125) ensina mais do que isto. Aqui vai:
" Chico - Este vocábulo, nas antigas línguas, ou dialectos da Espanha, significava o que é pequeno. Assim (por exemplo), as pequenas ilhas, que há nas costas da Galiza se chamavam cicas. A serra que divide o Algarve do Alentejo se chamava monte-cico, donde fizemos Monchique. Os Galegos chamam chiquitos os meninos pequeninos. Os pequenos porquinhos chamam-se chicos, e chiqueiro o lugar em que se recolhem. Finalmente ajuntamos cico e cica a alguns vocábulos como terminação diminutiva, e dizemos cou-cica, lugar-cico, etc., por cousinha, lugarzinho, etc."
Não fazia ideia. Interessantíssimo!
ResponderEliminarFiquei a perceber de onde vem «chiqueiro».
ResponderEliminarSó sabia do costume de chamarem Chico aos burros, não aos porcos. Engraçado.
As palavras, em si, são um mundo de curiosidades, Margarida.
ResponderEliminarNão conhecia o termo aplicado aos burros. Estamos sempre a aprender,MR.