sábado, 9 de outubro de 2010

Mercearias Finas 19 : Vinhos estrangeiros preferidos


Fora os vinhos que bebi em viagens, fora de Portugal, e de que não tenho a menor recordação, cá dentro o primeiro vinho estrangeiro, que me lembro de provar, foi um Chablis, nos anos 70. Só mais tarde vim a saber que era um monocasta Chardonnay. E, ainda mais tarde, tomei conhecimento de que, em Portugal e durante muitos anos, a casta Chardonnay era apenas usada, na Bacalhôa, na produção do Catarina embora não exclusivamente ( por vezes entram também a casta Fernão Pires e outras da zona de Azeitão). A Quinta da Bacalhôa é aliás pioneira no uso de castas estrangeiras. O tinto da Quinta sempre teve Cabernet Sauvignon, pelo menos, desde que o conheço. Só depois apareceu no Vale Pradinhos, de Trás-os-Montes. Hoje, é a proliferação que sabemos...
Em meados dos anos 80 provei, pela primeira vez o Tokay (Hungria), o Vega Sicília ( o Barca Velha espanhol) e o Châteauneuf-du-Pape (de França, com predominância, no lote, da casta Grénache). Deste último já aqui falei, no Arpose. Em finais dos anos 90, ou já talvez neste século, um amigo, que tinha estado em Veneza, falou-me do Barolo. Memorizei o nome e informei-me, posteriormente. Era e é um vinho monocasta, feito de Niebollo, numa zona muito restrita do Piemonte. Na sua robustez e cor vermelho-escura lembra alguns Douros, mas alguns Bairrada, muito bons, fazem-mo lembrar, no sabor. Não é muito difícil encontrá-lo à venda, em Portugal, nalgumas cadeias de supermercados de origem estrangeira.
Há cinco ou seis anos, num jantar ali para as bandas do Areeiro, e numa mesa que juntava pessoas de, pelo menos, quatro nacionalidades, ouvi, pela primeira vez, falar no Brunello di Montalcino. Que era um dos melhores vinhos do mundo - disse uma senhora belga. Ora os belgas e os ingleses, embora quase não produzam vinhos, são peritos a descobrir os melhores... Pedi à Senhora que escrevesse o nome, num papelinho. E, em menos de um ano, acabei por prová-lo; depois, no Porto, na boa companhia de um Amigo, degustamos duas marcas do Brunello. Concordamos os dois que não era o melhor vinho do mundo. Já tinhamos provado melhor. Mas era um vinho suave e agradável. Tem região demarcada na Toscânia, e é também um monocasta feito de Sangiovese, ou na base etimológica - Sanguis Jovis: Sangue de Jove, ou Júpiter. O Brunello de Montalcino bem como o Barolo são vinhos tintos de boa longevidade. Ainda não cheguei, no entanto, ao Château d'Yquem, nem ao Pétrus...Não se pode ter tudo. Agora, se tivesse que dar classificação aos 3 tintos referidos acima, segundo o meu gosto, poria em primeiro lugar o Châteauneuf-du-Pape. Seguir-se-iam o Barolo e, em último, o Brunello di Montalcino. E, para um primeiro contacto de prova, a minha sugestão é simples: um bom pão e um bom queijo português (Serra ou Serpa), por companhia - numa destas noites de Outono ou Inverno, que são frias.

2 comentários:

  1. ... continuando a sugestão... e se possível uma boa companhia!
    Tomei boa nota dos vinhos! Estou esperando a saída do Euromilhões para oferecer algumas garrafinhas :)))

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