"...A razão principal é que as elites portuguesas - e o país em geral - não reclamam outros políticos, não reclamam melhores políticos. Poderíamos simplesmente dizer que temos os políticos que reflectem o que é a sociedade portuguesa. Não estou nada de acordo com isso. Acho é que há uma inércia, uma passividade nas elites portuguesas, que não reclamam, não intervêm, não exercem, no fundo, as chamadas «liberdades positivas». Que a liberdade não é só a liberdade negativa - eu não quero que toquem na minha esfera, nos meus direitos. A liberdade são direitos e obrigações. A obrigação de participar para construir um país melhor é um dever daqueles que são os melhores e os mais preparados. ..."
Artur Santos Silva, entrevista ao jornal "Público", em 16/10/2010.
Há uma efectiva inércia, mas tb há muita resistência no seio dos partidos a quem vem de fora, à sociedade civil. Os partidos são indispensáveis a uma verdadeira democracia, mas por vezes gera-se, penso que tb é o caso português, uma "partidocracia" que impede ou bloqueia os outsiders. Um bom exemplo é a legislação eleitoral muito restritiva quanto a listas de cidadãos, mesmo a nível local.
ResponderEliminarConcordo com as suas observações,LB, mas há 2 aspectos que gostaria de sublinhar: 1. há outras formas da sociedade civil agir e participar, 2. parece-me vergonhoso, na maior parte dos casos importantes, o silêncio dos intelectuais.
ResponderEliminarConcordo e principalmente com o final: «A liberdade são direitos e obrigações. A obrigação de participar para construir um país melhor é um dever daqueles que são os melhores e os mais preparados.»
ResponderEliminarO "silêncio dos intelectuais"- é realmente um ponto importante, mas a verdade é que ( o caso dos EUA é paradigmático e assustador )as sociedades contemporâneas não os querem ouvir, com as excepções daqueles que são prêt-a-porter, inócuos e até dizem umas coisas giras quando vão à televisão.
ResponderEliminarConcordo com o Luís Barata. As pessoas hoje odeiam intelectuais; só gostam daqueles que de intelectuais têm pouco: pouca (ou nenhuma) independência de espírito 8embora achem e apregoem o contrário), dizem uns lugares comuns, «umas coisas giras quando vão à televisão».
ResponderEliminarPorque independência de espírito não tem nada a ver com ter filiação partidária ou política.
Eu creio que o intelectual, de um tempo a esta parte, prefere camaleonar-se de homem comum, não sei bem porquê. Talvez porque tem menor risco material... Um bom exemplo, foi o Eduardo Prado Coelho a cronicar a "lingerie". Mas houve, também, o Saramago. Em contraponto.
ResponderEliminarOutra das componentes problemáticas é o papel dos "media" nisto tudo. Mas eu acho que há espaço para intervenção. Há é também muito comodismo e cobardia ética.