sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Civilidade (4) : beija-mão Real


"...Apenas se faculta a licença para o Beija-mão, irá seguindo na mesma linha os que vão adiante, fazendo ao entrar huma leve cortezia ao Mestre Sála, Esmoler Mór, e Camaristas, que estão defronte de El-Rei. Chegando junto á Magestade, lhe faz huma genuflexão, que consiste em dobrar hum pouco ambos os joelhos, ficando o corpo direito, e immediatamente pondo hum joelho em terra, lhe beija a mão; e levantando-se, torna a fazer-lhe outra genuflexão, como a primeira, e voltando sobre o lado direito, vai sahindo para fóra com muita gravidade. Dando quatro, ou cinco passos, se vira de todo para El-Rei, e lhe faz a segunda continencia, curvando, como disse, os joelhos; e para os Camaristas, que lhe ficão então fronteiros, huma leve inclinação; e voltando, como primeiro, dá os passos, que restão até á porta, por onde se sahe da sála, e dahi faz a ultima genuflexão á Magestade, e a segunda reverencia aos Camaristas, que lhe ficão ao lado, principiando daquelle, em que acabou na primeira cortezia até os ultimos; o que se pratíca igualmente nos Beija-mãos das Rainhas, e Princezas com as Damas, e Senhoras, que lhes fazem a Côrte. ..."

Padre D. João de N. Sra. da Porta Siqueira, in Escola de Política ou Tratado Practico da Civilidade Portuguesa com as regras... (4ª ed., Porto, 1803)

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