quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Recomendado : Quatro


Em Agosto de 2009 estávamos em Leyden (Holanda), num dia que amanheceu chuvoso mas que, a pouco e pouco, foi abrindo em sol. Os canais da pequena cidade regurgitavam de barcos com estudantes e caloiros da Universidade que eram praxados, das pontes, pelos mais velhos que lhes despejavam enormes baldes de água, do alto, sobre as embarcações quando passavam. Era uma manhã dominada pelos seus gritos juvenis, mas alegremente contagiante.
Da esplanada, onde tomávamos café, reparei numa loja de vinhos de aspecto acolhedor, com bom gosto e madeiras polidas, nobres. Entrei e a minha primeira curiosidade foi ver se havia vinhos portugueses. Havia, e bastantes para o tamanho da loja: muitas marcas de Vinho Verde, alguns Dão, e duas ou três qualidades das Caves Vidigal (Cortes - Leiria). Esta última marca era conhecida, nos anos 60 e 70 mas, depois disso, nunca mais a vira à venda em Portugal. Como tinha uma vaga, mas boa, impressão, comprei duas garrafas, uma das quais se bateu, ao jantar, com um Rioja, em casa dos nossos anfitriões. Ganhou com galhardia a competição ao vinho castelhano. Sem favor, porque, embora o castelhano fosse bom, o vinho português era melhor. Fiquei, patrioticamente, orgulhoso.
Ora, há dias, num Lidl (passe a publicidade) encontrei um Caves Vidigal (Regional Lisboa), Reserva 2008, Syrah monocasta, tinto, ao imbatível preço de 2,59 euros. Não sendo um esplendor, é um belíssimo vinho se atendermos à dicotomia qualidade/preço - e, por isso, o recomendo. Acompanhará bem assados, caça (que está por aí a aparecer) ou queijos. Está no ponto para ser bebido, mas poderá aguentar, bem, 1 ou 2 anos, na garrafeira. E não se deve perder a leitura do contra-rótulo. É um texto saboroso, quase "doméstico", mas genuinamente português, na sua franqueza comercial. Bom proveito!, a quem seguir o conselho.

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