segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mercearias Finas 68 : A casta Jaen, a elegância e os vinhos do Dão


Não se peça, a um vinho do Dão, exuberância ou força excessiva - que ele, naturalmente, não a pode dar, na maior parte dos anos. Mas exija-se-lhe, se ele for de qualidade, elegância, equilíbrio e longevidade, que tudo isso é da sua natureza. Os brancos, por causa da casta Encruzado, com alguma idade, quase ficam perfumados, levemente untuosos, abençoados por aromas difíceis de explicar. E, os tintos, quase podem chegar à perfeição difícil de entre o terreno e divino (aéreo, pelos aromas) - perdoe-se-me este arroubo enológico de quem é um fã entusiasta da região demarcada do Dão.
Tenho a convicção entranhada de que a Jaen é a casta maioritariamente responsável pelo nobre envelhecimento, apoiada na fortaleza da Touriga e da Tinta Roriz. A casta, cujo nome levaria a pensar que é castelhana, segundo os especialistas, é mesmo autóctone portuguesa. Detractores aventam que foram os peregrinos, no regresso de Santiago de Compostela, que a trouxeram, mas contrargumentam os estudiosos que foi precisamente ao contrário. Terá ido, de cá, para lá, pois, na Galiza, a casta Mencia têm algumas características semelhantes à Jaen.
Dizem os entendidos que a Jaen produz bem e amadurece cedo, embora resista mal ao oídio. Dá muita cor aos vinhos (o rubi habitual do vinho do Dão), embora tenha baixos índices de acidez. Precisa da companhia da Touriga Nacional e da Tinta Roriz, para ganhar confiança e força, pelo tempo de guarda. Mas, na minha ingenuidade de amador, eu acredito, piamente, que ela é responsável pela elegância inconfundível dos tintos do Dão. E que assim seja!

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