quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Músicos e Maestros


Há dias, tive oportunidade de ler um artigo muito interessante, em que era abordado o papel dos maestros, em relação às orquestras que dirigiam. Um leigo terá a tentação de perguntar se a existência de um maestro se justificará, sempre e inteiramente. Parece-me, na minha enorme ignorância musical, que numa pequena orquestra de câmara, ou num quarteto, talvez nem sempre ele seja necessário, mas a chefia ou direcção pode assumir várias formas. Lembro-me, por exemplo,  da subtil direcção de Jordí Savall, quando toca em família. Dos seus pequenos acenos, das expressões faciais, dos olhares dirigidos, quase miméticos. Que está muito distante daquilo que dizem ter sido as direcções tirânicas de Toscanini ou Furtwangler como Maestros. Entre a pose hierática de Karajan e a fogosidade juvenil de Joana Carneiro há uma diferença de tomo. E de método, obviamente.
Mas a coisa que mais me surpreendeu, nesse artigo que li, foi classificar a ligação entre maestros e músicos, muitas vezes, como uma relação de amor-ódio. Porque, também, muitos dos músicos se perguntam se seria mesmo necessária a existência de maestros. E para que servem. É evidente que não comungo destes pensamentos extremos. Há uns anos, tive ocasião de ver um vídeo muito curioso do ensaio do Concerto nº 5, para piano, de Beethoven, entre Simon Rattle e Alfred Brendel. E essa troca de saberes, entre os dois, demonstrava, à saciedade, a justificação plena da necessidade de existência de um Maestro. Desde que haja a inteligência e humildade de ambos os executantes, para se entenderem, acederem entre si na melhor forma de harmonia, em relação à grande Música.

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