É para mim, com Cecília Meireles, um dos grandes poetas brasileiros do séc. XX. Mas também um prosador notável ("Contos de Aprendiz" e "Contos Plausíveis), bem como foi um cronista muito atento à realidade. Passam hoje 110 anos sobre o nascimento (31/10/1902) de Carlos Drummond de Andrade, e aproveito para lembrar um seu pequeno texto de "Contos Plausíveis", pleno de bom humor e intitulado A Incapacidade de ser Verdadeiro:
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
- Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
para MR que, como eu, também gosta muito de Drummond.
Gostei da pequena história e da mensagem. Já Pessoa dizia que um poeta era um fingidor.
ResponderEliminarGostei muito deste post. :-)
ResponderEliminarObrigada.
É como a tal frase de Simenon: verdadeiro, mas não totalmente exacto...
ResponderEliminarAinda bem que gostou, MR.
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