Jornalista e escritor respeitado, fundador do jornal "La Repubblica", em 1976, o italiano Eugenio Scalfari (1924) deu, recentemente, uma entrevista muito interessante a "Le Nouvel Observateur", por ocasião da saída, em França, da sua obra traduzida "Par la haute mer ouverte. Notes de lecture d'un Moderne". Passo a traduzir um pequeno excerto da entrevista, que me pareceu pertinente, embora discutível:
"...Hoje, os jovens abandonaram a leitura, mesmo a dos jornais. Eles comunicam através do som e das imagens. Todos os dias vemos adolescentes que andam com os seus auscultadores nas orelhas. Chamo-lhes, no final do meu livro, «os novos bárbaros». Não no sentido pejorativo, mas no sentido de que eles falam uma outra linguagem. Eles já não são como todas as novas gerações que contestavam os valores dos pais e dos avós, mas que conheciam esses valores. E que, por fim, acabavam por aceitar uma parte desses mesmos valores, e assim a evolução prosseguia. Não, os «bárbaros» actuais recusam-nos, mas sem os conhecer. Eles falam outra linguagem e começam do zero. Por isso não sabemos o que vai ser a civilização futura. É um enigma. ..."
Muita desta geração , cresceu com poucas referências, filhos de famílias disfuncionais ou de pais que lhes prestaram pouca atenção por estarem demasiado ocupados. Cresceram um pouco entregues a eles próprios, nos grupos de amigos. A mim parece-me que eles não recusaram valores, eles apenas não tiveram oportunidade de os conhecer.
ResponderEliminarNão sei se estou errada, mas parece-me que é um pouco assim.
Bom fim-de-semana
As razões, que a Isabel invoca, têm uma importância indesmentível na educação dos jovens. E, embora seja uma tentação, não se poderá generalizar como Scalfari, de algum modo, faz. Até porque há muitas excepções. Mas creio que a auto-educação e formação também existem. Parece-me ser fundamental haver um Alguém (um dos Pais, um Professor, um Amigo mais velho...) a apontar um Rumo. Seja de uma forma silenciosa, pelo exemplo, seja de uma forma dinâmica, apontando caminhos, aconselhando leituras, ajudando a pensar e decidir, mesmo em meios problemáticos (residência) ou na falta de ética de uma sociedade.
ResponderEliminarUm bom fim-de-semana, também, para si!
O que vai ser a civilização do futuro não sei, mas que hoje em Portugal há muito mais gente a ler é um facto indesmentível. Quanto à leitura de jornais é outra coisa.
ResponderEliminarJá agora: La Repubblica veio buscar o nome ao nosso jornal República.
Nos transportes públicos, pelo menos, parece. Será?
ResponderEliminarPelos vistos os plágios já vêm de longe (não sabia)...