terça-feira, 30 de outubro de 2012

A par e passo 15


Há um "segredo" para fazer versos, como há para tocar violino. Aquele que não sabe o segredo faz versos, ou toca violino; pelo menos, assim o crê, mas engana-se e outros com ele; porque ele confunde aquilo que ele acredita estar a fazer com aquilo que faz na realidade - e é precisamente o facto de possuir um segredo, que evita fazer essa confusão.
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Não há "verdade" sem paixão, sem erro. Quero eu dizer: a verdade não se obtém senão apaixonadamente.
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Os nossos pensamentos mais importantes são aqueles que contradizem os nossos sentimentos.
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É preciso ter cometido muitos crimes, mais ou menos interiores, e carregar consigo um pesado passado, e variado, cheio de acidentes morais e outros, para saber, para ousar e para conseguir enfim, um dia, praticar um acto bom, fazer um pouco de bem - sem errar.

Paul Valéry, in Tel Quel II (pgs. 64, 69, 70 e 74).

Nota: só para lembrar que passa, hoje, mais um aniversário do nascimento de Paul Valéry, em 1871.

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