segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dar a palavra


Toda a criatura humana se comporta como o filho repudiado que teve um dia carinho e o perdeu.
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Amanhã eu hei-de ser assim um lugar que um espelho ocupou.
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A minha arte foi atirar ao vento e ao coração das criaturas o que a elas pertencia.
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O cinismo é coisa mais velha que a honestidade.
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Morre-se duas vezes quando se morre ausente do seu próprio eu.
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Amemos o que nos sobrevive, esse é o mais penoso dos mandamentos.

Agustina Bessa-Luís, in Aforismos (1988).

3 comentários:

  1. Bela selecção da arte aforística em que ela foi rainha.

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  2. Subscrevo.
    Dela só não "papo" os romances. Mas o defeito deve ser meu.
    Até lhe acho graça como pessoa.

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  3. Meus Amigos:
    em tiradas curtas, Agustina é admirável. Tem dois ou três romances que me pareceram bons ("Os Meninos de Ouro", por exemplo) e que li com muito agrado. É desconcertante e inteligente - talvez não se lhe possa pedir mais.

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