domingo, 11 de outubro de 2015

Divagações 98


Não tendo a espectacularidade dos tsunami, as marés vivas também ocorrem no mar, ciclicamente, pela oposição gravitacional que se estabelece, de tempos a tempos, entre o Sol e a Lua e a sua influência na Terra. O fenómeno tem o seu equivalente, oposto, nas chamadas marés mortas que raramente são referidas e que resultam numa aparente neutralidade ou harmonia das águas marítimas. A que damos pouquíssima importância. Ou que nem sequer notamos.
Lembro-me de as observar, às primeiras, quase sempre em finais de Agosto, nos meus tempos de juventude, no mar da Póvoa. O fenómeno, em si, despertava-me sempre desencontradas emoções de alegria, espanto e medo. Medo que, no entanto, não me impedia, pelo gosto do risco e aventura, de me lançar nas ondas furiosas do Atlântico, para ser arrastado, violentamente, quase até às barracas da praia, numa voragem vertiginosa e célere.
Pois voltei a vê-las ontem, às marés vivas, na praia da Areia Branca, pelo Oeste. E, desta vez, interpretei aquele ronco cavo e selvagem, como se fosse a cólera do mar que se expressava num enorme desagrado destruidor sobre a terra e suas gentes. Também me lembrei que o recente, trágico naufrágio na Figueira da Foz teve, de algum modo, origem nessa fúria natural do mar...

2 comentários:

  1. O mar em fúria só é belo de se ver, mais nada. De se ver, de longe.
    Bom dia!

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