domingo, 4 de novembro de 2012

Um poema sem título, de Rafael Alberti


Alguns se comprazem em dizer-me:
Estás velho, adormeces
de súbito em qualquer lugar.
Trazes raras camisas, cabelos e casacos dissonantes.
Mas eu respondo-lhes
como o velho poeta Anacreonte
teria feito hoje:
- Sim, sim, mas as minhas centenas de viagens pelo ar,
a minha presença feliz, tenaz, arrebatada
diante do meu povo,
a viva voz do meu eco
capaz de erguer o mar acima das ondas,
e as belas raparigas, e os valentes jovens
que me bailam de roda... E sempre o sustenido, cego amor
que vai além da morte...

Puerto de Santa María, 1995.

4 comentários:

  1. É realmente um bom poema. Mas a minha Amiga não sabe da melhor: um espanhol de Andaluzia, pediu ao Google a tradução deste poema, para castelhano -não lembra o diabo!!... Claro que a versão do Google é um disparate, apenas 2 versos se podem reconhecer do original de Alberti. Se as traduções em prosa do Google são feitas com os pés, as de poesia, nem se fala...
    Até logo, possivelmente!..:-)

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  2. Raras camisas?
    Estranhas camisas?
    Esquisitas?

    A.M.

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