Não viesse ele marcado de origem, e na cor pareceria um alentejano (uns morenos aciganados, quase rubros) ou, até, um transmontano ou duriense, denso por si, que não é, porque se dilui quando a boca o absorve e "mastiga" devagar. Aí se lhe manifesta o equilíbrio elegante, ainda que os taninos rebeldes devam ser castigados por mais uns anos, para atingirem a macieza perfeita dos vinhos do Dão. E, como vinho desta região, seja só ultrapassável pelo "Vinha Paz" que, para mim, sai sempre a ganhar, em duelo com os outros.
Com 13,5º, ia jurar que tem Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, que o contra-rótulo, aos costumes, disse nada - imperdoavelmente, sr. Produtor! É sempre indesculpável esta falta, num vinho de qualidade. Não sendo um medicamento, hoje em dia, a indicação das castas do lote é fundamental, sendo um sinal de honesta confiança e partilha cúmplice com o consumidor.
Pois beba-se este vinho, como eu fiz, em agradável companhia. Abra-se, para bem respirar, este Dão Quinta do Sobral, reserva de 2009, tinto, uma hora antes de o provar. Temperem-se, entretanto, com sal e pimenta, não muita, uns tenros bifinhos de vitela açoriana, fritem-se umas batatas e estrele-se um ovo para cavalgar a carne, com agrado e delicadeza. Até o ovo estrelado me soube melhor - e não era de pica-no-chão - com este Dão memorável. De guarda, seguramente, mais uns 3 ou 4 anos: para mostrar todo o seu esplendor.
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