Vi ontem, creio que pela terceira vez, o filme "Shining" (1980), de Stanley Kubrick (1928-1999). O facto de conhecer o enredo e grande parte das situações permitiu-me escapar à força da teia emotiva subjugante, à atmosfera obsessiva dos vermelhos rútilos, ao peso cúmplice e massacrante da música que atacava o mínimo silêncio de uma reflexão, às imagens excessivas, muitas vezes, desnecessárias. Mas esse distanciamente a que me pude permitir, deu-me também a oportunidade e a hipótese de apreciar, com alguma frieza, a grande qualidade dos cenários, a riqueza profissional da fotografia, a música (Bartok, entre outros) e a notável interpretação de Jack Nicholson.
E ajudou-me a perceber a diferença abissal que separa o melhor cinema americano do grande cinema europeu. A filmografia americana é, sobretudo feita de acção e ritmo acelerado, de ruído e violência, de efeitos especiais e técnica, de emoções provocadas, sobretudo. Enquanto o melhor cinema europeu se alicerça na reflexão, no Tempo medido, nas ideias, palavras e enredos com substância humanistica, não excluindo, de todo, a acção - ética, sobretudo e sempre que se justifica (nunca gratuita). Não rejeitando, sempre que seja oportuno, a visão da violência. Em suma: a força e o jeito. O excesso e a essência.
Entre Kubrick e Bergman, não tenho a menor dúvida em preferir o último.
Enfim, enfim, ele há coisas... A mim, uma olhadela fugaz para a televisão (não tive tempo de rever o filme) inspirou o conto de horror do dia...
ResponderEliminarApercebi-me, quando li o seu conto..:-)
ResponderEliminarMas não estranhe, porque há sempre coisas no ar. Até, às vezes, títulos de livros.