Só muito recentemente o nome de Myriam Revault d'Allonnes começou a ter sentido, para mim, embora não tivesse sequer conseguido saber o ano do seu nascimento. Creio que será sexagenária. Filósofa francesa, especialista e tradutora da obra de Hannah Arendt (1906-1975), Myriam aborda, com maior incidência, as relações do Poder, a Política e, mais recentemente, a Crise, no seu sentido mais lato e abstracto, não desprezando, porém, as suas razões concretas. Coligi e traduzi, do francês, algumas respostas dela, em entrevistas, a que junto um vídeo em que Myriam R. d'Allonnes fala da crise que atravessamos, a propósito do seu último livro, intitulado "La crise sans fin". Como se segue:
Crise e Crítica têm, em grego, a mesma origem etimológica: critica-se para tentar chegar àquilo que deve ser e para tomar uma decisão.
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Eu creio que a autoridade consiste em dar aos vindouros, aos que vierem depois de nós, a oportunidade de começar alguma coisa.
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Chegaremos quase a preferir um futuro sombrio a um futuro incerto.
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Em vez de antecipar a catástrofe como uma certeza, afrontemos a incerteza. Uma incerteza criadora: sim, o futuro não será forçosamente o melhor, mas nós temos possibilidade de agir.
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No campo político, novas práticas emergem (petições, fóruns de cidadãos, lutas colectivas) que, mesmo que nem sempre sejam bem sucedidas, deixam rasto. A mobilização dos "Indignados" não resultou na instauração de contra-poderes ou mecanismos institucionais mas, em si, não é um fenómeno insignificante.
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