quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sobre "Crise", palavra e sentido

Só muito recentemente o nome de Myriam Revault d'Allonnes começou a ter sentido, para mim, embora não tivesse sequer conseguido saber o ano do seu nascimento. Creio que será sexagenária. Filósofa francesa, especialista e tradutora da obra de Hannah Arendt (1906-1975), Myriam aborda, com maior incidência, as relações do Poder, a Política e, mais recentemente, a Crise, no seu sentido mais lato e abstracto, não desprezando, porém, as suas razões concretas. Coligi e traduzi, do francês, algumas respostas dela, em entrevistas, a que junto um vídeo em que Myriam R. d'Allonnes fala da crise que atravessamos, a propósito do seu último livro, intitulado "La crise sans fin". Como se segue:

Crise e Crítica têm, em grego, a mesma origem etimológica: critica-se para tentar chegar àquilo que deve ser e para tomar uma decisão.
...
Eu creio que a autoridade consiste em dar aos vindouros, aos que vierem depois de nós, a oportunidade de começar alguma coisa.
...
Chegaremos quase a preferir um futuro sombrio a um futuro incerto.
...
Em vez de antecipar a catástrofe como uma certeza, afrontemos a incerteza. Uma incerteza criadora: sim, o futuro não será forçosamente o melhor, mas nós temos possibilidade de agir.
...
No campo político, novas práticas emergem (petições, fóruns de cidadãos, lutas colectivas) que, mesmo que nem sempre sejam bem sucedidas, deixam rasto. A mobilização dos "Indignados" não resultou na instauração de contra-poderes ou mecanismos institucionais mas, em si, não é um fenómeno insignificante.


Sem comentários:

Enviar um comentário