quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A rosa


Os pássaros pareciam desaustinados, pelo vento forte e gelado, em voos descordenados e caóticos, paralelamente acompanhados, da terra, pelos gatos que pareciam perseguir-lhes as sombras fugidias, em saltos felinos, pelos canteiros desvastados e húmidos de orvalho.
Mas a rosa senhoril, enorme e perfeita, quase rubra, presidia imperturbável no centro da mesa interior, na sua jarra alta e, apesar de colhida há já dois dias, mantinha a compostura e beleza inicial. Pus-me a contar as pétalas: e eram 6, cada vez menores, em 6 círculos concentricos, que se iam fechando sobre os estames interiores, pouco visíveis. Eram, portanto, 36 pétalas, numa simetria que, embora natural, tinha qualquer coisa de divino, na sua totalidade rigorosa.
Sabia como as rosas naturais eram "difíceis em Dezembro". Talvez esta, por ser perfeita, possa chegar até lá. E eu ainda estarei cá para ver, se ela resiste, na sua grande beleza.  

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