Ontem, iam carregados os azúis do rio, arrepiados apenas, de longe a longe, pelo voo picado das gaivotas sobre algum peixe que se atrevia a vir à tona das águas. Mas, hoje, o Tejo está cinzento de chumbo e as águas quase parecem geladas de imobilidade e mimetismo com a terra fria.
Mesmo no interior do Bairro havia um friozinho que se desunhava por nos apoquentar e uma chuva molha-tolos impertinente que nos empurrava para cafés de salas aquecidas, ou lojas agasalhadas. Mas houve tempo de se falar da vida, dos amigos, do amor na oblíqua dos encontros virtuais, como se fora numa floresta de enganos, ou de espelhos. E de nos rirmos, numa cumplicidade do sangue, que a idade perdoa.
E até houve tempo e acaso, para numa loja improvável, eu encontrar uma belíssima capa de Pomar num velho (1949) livro de Redol. Que, gulosamente, comprei, e tenho agora à minha frente. Já no calor da casa.
Hoje arrefeceu muito.
ResponderEliminarNunca li este livro de Redol.
Muito desagradável, comparando com o belíssimo dia de ontem.
ResponderEliminarNem eu, Miss Tolstoi.