quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Costa-Gravas, a propósito da Europa


Não se esgota a Norte, a riqueza e a alma da Cultura Europeia, no que há de generoso, ético e humanista. Se a ciência, a filosofia e a música privilegiaram o Setentrião, o Sul contribuiu, largamente, com os favores da poesia, do humor e da gastronomia - coisas mais térreas, é certo, mas que, com o sol, ajudam a viver, com um bocadinho mais de felicidade... E despreocupação. Mas desta confluência de Norte e Sul, com muita miscigenação pelo meio (árabe, africana, judaica...), se foi fazendo a Europa da tolerância, naquilo que, ainda hoje ela tem de melhor, e que alguns bárbaros apátridas (porque vendem tudo e se vendem), para seu bem-estar, querem destruir.
E, por isto que disse, eu queria também falar de Costa-Gavras (1933), realizador grego que, para mim, é um dos cineastas vivos que mais admiro. Se eu disser: "Z" (1969), "L'Aveu" (1970), "Missing" (1982), talvez me faça entender. Mas, embora não brinque em serviço, e leve as coisas a sério, sobretudo nos filmes que faz, também Costa-Gavras é capaz de um humor europeu e acutilante, no melhor sentido da palavra. Dois exemplos, que verti para português, bastarão:
" Outrora, com Yves Montand, Simone Signoret, Jorge Semprun, discutia-se até ao limite as directivas do Partido comunista. Hoje, é o mercado que dita a sua lei. No fundo, o mercado tem hoje a mesma função que tinha, ontem, o PC: ele tinha sempre razão."
"Para fazer fortuna, é preciso caminhar por cima dos cadáveres."

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