domingo, 11 de novembro de 2012

A propósito de S. Martinho


Sabe-se que o Serviço de Saúde, na Alemanha, funciona muito bem. E a cobertura médica, até nas aldeias, é excelente. O que nem todos saberão é que, recentemente, entrou na agenda política germânica, a discussão sobre os custos consideráveis do apoio e assistência a idosos. Num país onde a esperança de vida é das mais altas, na Europa. E alguns "jovens turcos" da política encararam até a hipótese de enviar idosos para países de Leste, onde os gastos seriam muito menores. A questão, por fracturante, tem sido silenciada, ultimamente. Mas este tipo de estratégia, despudorada e economicista, já tinha sido posta em prática pelos alemães, anteriormente, ao enviar jovens problemáticos e "corrécios" em pequenos grupos, para o Alentejo: houve (há?) várias "colónias de recuperação" no interior alentejano. Mais uma vez, porque os custos eram incomparavelmente mais baixos do que na Alemanha...
Há uma velha lenda portuguesa que conta que, em determinado lugarejo, era costume o filho mais velho, quando o pai já anoso e inútil para o trabalho, fosse "imprestável", levá-lo para um monte ermo e distante, e deixando-o com alguma comida e um cobertor, abandoná-lo à sorte e à morte antecipada. Mas houve um pai mais sábio que, quando o filho varão se preparava para o deixar, lhe pediu uma faca. E, cortando o cobertor em duas partes, lhe deu uma, dizendo: "Esta metade é para ti! Para quando o teu filho mais velho também te trouxer para aqui, te possas agasalhar melhor."
Não sei o fim desta história, nem se o filho reconsiderou no acto que ia praticar, mas lembrei-me desta lenda, por contraste, a propósito do bom exemplo de S. Martinho - Santo que hoje se celebra.

2 comentários:

  1. Parafraseando o título do filme dos irmãos Cohen, "No Country for Old Men".

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  2. É verdade. E que, por sua vez, recupara um verso de Yeats.

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