De acordo com uma notícia divulgada, hoje, pelo "Diário Económico", existem, por aí, alguns alemães ou luso-alemães que estranham a indignação em torno da visita de A. Merkel.
Com o peso da idade e experiência, e em louvor do país e dos amigos que tão bem me acolheram, eu explico.
Os alemães que costumam andar em "bicos de pés", reais ou na blogosfera", não representam, para mim, a cultura, a ética e a estética de uma Alemanha que eles, frequentemente, ignoram para além do domínio de procedimentos administrativos e técnicos para aumentar a produtividade.
Aliás, há várias décadas, conheci um, de nome "Frischmuth", qualquer coisa como "fresca coragem". Poderá servir como exemplo para aqueles técnicos das multinacionais que, em início de carreira, vinham para o Sul da Europa ou América do Sul, como trampolim para a subida na carreira. A criatura em questão, nada sabia de Portugal, passando a gozar da facilidade de ter criada e de uma promoção social - tipo funcionário da "Troika". Como estes, tinha sempre uma "solução" para os portugueses "madraços", seguindo o seu Adminstrador-Delegado que, como Schäuble, tirava os "coelhos da cartola" para salvar os indigentes.
Ora, a criatura em questão, "pairava" por umas "instalações fabris" indescritíveis, com cobertura de zinco e sem qualquer isolamento. No Verão, a temperatura ultrapassava os 40º e, no Inverno, em vez de cuidar das condições de trabalho, a criatura proibiu as fogueiras que as operárias faziam para se aquecer. No entanto, com os "rácios" de produção que recebia da Alemanha, não se ensaiava a exigir a mesma produtividade. Estamos, pois, a falar de condições de trabalho, numa multinacional alemã, de antes e depois do 25 de Abril e não do século XIX ou início do século seguinte.
Como eu, não acredito que as operárias se esqueceram do seu primeiro contacto com o "patrão alemão". Para elas, sobrou-lhes a indignação, para mim a vergonha.
Foi a vergonha que sempre me impediu de fazer parte de uma "chamada comunidade alemã", fechada numa redoma, ao ponto de o seu representante, o Embaixador da Alemanha, ter achado estranho nunca ter dado por uma ovelha tresmalhada.
De facto, a minha indignação vem de longe e assenta na ausência ou ignorância dos valores supremos da liberdade e humanidade que aprendi, na Alemanha do pós-guerra, e com muito gosto.
Post de HMJ
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ResponderEliminarÉ de facto impressionante. Tenho muita dificuldade em perceber os alemães, pois de um lado estão criaturas como essa, a quem apenas desejo que sejam tratadas da mesma forma que tratam os outros. Do outro, existem figuras extraordinárias, como Dürer, Kant, Beethoven, Goethe, e tantos outros. Que disparidade que existe entre os alemães filósofos e artistas, e os alemães políticos e economistas. Parece que nem pertencem à mesma realidade.
ResponderEliminarPara Margarida Elias,
ResponderEliminarobrigada pelo comentário. A denúncia é sempre insuficiente perante o "mau governo" dessa classe de alemães que tantos estragos provocam tanto no seu próprio país como pelo mundo fora.
A mim chegaram-me sete anos de Escola Alemã, cujos professores eram uma espécie de "Frischmuth". Hoje parece que não é nada do que era.
ResponderEliminarPara MR:
ResponderEliminarpor vezes desconfio que a aparente "mudança de roupagem" tenha modificado os malefícios de "base".